domingo, 30 de janeiro de 2011

Te amarei para sempre - parte III - O reencontro

Anos se passaram, Sophia se casara de novo com uma pessoa que ela julgava ser um bom homem e era feliz com ele. Era um empresário, um homem de negócios e sempre deu tudo que ela precisou, mas nunca havia esquecido Daniel, por dois motivos: um, por ainda amá-lo e outro por odiá-lo. Já não morava no Rio, se mudara logo depois de Daniel ter partido e agora possuía o que ela sabia ser sua jóia mais preciosa desse mundo: sua filha, Dominic.
A mãe de Sophia ficou doente e Sophia então resolveu ir ao Rio, já fazia muito tempo que não visitava sua cidade. Ela não gostava de visitar os pontos turísticos pois em qualquer lugar que olhasse ela se lembrava do sorriso de Daniel, focando a sua câmera e usando Sophia como sua modelo. Mas ela sentiu uma enorme vontade de visitar sua antiga casa, e assim o fez. Ao chegar lá ela logo percebeu que tinha alguém na casa, mas mesmo assim bateu a porta. Ela reconheceu a moradora imediatamente, tratava-se da irmã de Daniel, Raquel.
As duas conversam bastante e Sophia não demorou para perguntar a Raquel, até mesmo com um certo rancor, se ela tinha notícias de Daniel. E então Raquel lhe disse que Daniel havia falecido fazia 3 anos. Sophia deu um salto do sofá onde estava e as lágrimas lhe tomaram conta e Raquel lhe contou tudo o que havia acontecido, desde quando soubera que Daniel estava doente e contou o que Daniel havia inventado para se afastar de Sophia e quando o questionava sobre sua atitude, ele dizia a irmã que era pra não ver Sophia sofrer com sua doença e sua morte poupá-la de um sofrimento maior.
Raquel disse que havia procurado por Sophia por todo lugar quando Daniel faleceu, mas ela não morava mais no Rio. Ela tinha duas coisas que Daniel deixara para Sophia. Uma foto bem conservada daquele dia de primavera no Jardim Botânico, que ele sorrateiramente tirara de Sophia sem que ela percebesse sua mais antiga e mais apreciada câmera fotográfica, a qual ele dizia ser sua amante quando Sophia não estava.
            Ela chorou, chorou bastante. E um tempo depois ela abriu a antiga câmera e viu que dentro havia um papel o qual nem mesmo Raquel tinha conhecimento, ainda em bom estado, bem dobradinho e reconheceu logo ser a letra de Daniel. Ela leu:

                    “Minha Flor Rosa, estarei morto quando estiver lendo esta carta mas sei que meu coração estará junto com você. Me perdoe ter mentido pra você e perdoe meu egoísmo, mas não queria que você fizesse parte dessa maratona de sofrimento que é a morte. Você foi e sempre será a mulher que eu amo, em toda minha vida apenas pedia a Deus que protegesse a nossa felicidade e que me desse muitos dias nessa vida para fazê-la feliz. Mas as coisas nem sempre sai como esperamos. Sei que você é uma mulher forte e você é linda, espero que tenha achado alguém para fazê-la tão feliz como eu sempre desejei fazer. A sua felicidade é a minha felicidade. Seja feliz por nós dois”

Te amarei para sempre          Daniel




Sophia terminou de ler, com os olhos marejados de lágrimas e com o coração leve por saber que o amor da sua vida a havia amado e a amaria pela eternidade. Ela pôde notar, no cantinho do papel o que parecia ser uma frase rabiscada, mas ainda legível, onde se podia ler “Dominic, papai te ama”. Sophia nunca tinha entendido de onde tinha vindo a vontade de colocar o nome de sua filha de Dominic, mas foi o primeiro nome que lhe veio a cabeça e achou mais estranho depois de perceber que nunca, nem ela nem Daniel, tinham tocado nesse nome antes. Mas ela não ficou assustada, pois sabia que nem depois de morto, Daniel a tinha deixado só. Parecia sempre sentir que nos momentos mais difíceis, alguém a segurava pela mão.

Sophia foi feliz enquanto viveu, fazendo a vontade de Daniel. E faleceu já em idade avançada, numa bela manhã de primavera. E teve seu último pedido em testamento atendido por sua filha, que era que suas cinzas fossem espalhadas em um ponto especifico do Jardim Botânico, onde as cinzas de Daniel também haviam sido espalhadas e assim, conseguiram finalmente ficar juntos pela eternidade.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Te amarei para sempre - parte II - A separação

Daniel continuou sem contar nada a Sophia, andava cabisbaixo e tirou licença do trabalho, explicando a Sophia que ele queria férias e que fazia muito tempo que não tirava as suas. Daniel tinha um plano e iria pôr em prática, em seu julgamento, pelo bem de Sophia. Ele começou a ficar indiferente, o que Sophia logo notou pois ele sempre a tratara com muito zelo e carinho mas ela julgou ser apenas um mal-humor passageiro. Daniel continuava cada vez mais distante e toda vez que olhava para a esposa, sentia um aperto no fundo do peito e uma dor aguda na alma por saber que aquela ali, de pé, parada, era o grande amor da sua vida e não poderia viver uma vida plena com sua “flor rosa” – era assim que a chamava. Sophia sempre tentava conversar e lhe perguntar o que o estava lhe afligindo e o angustiando, mas ele porém, desconversava e dizia que só estava cansado.
            Uma noite ao chegar do trabalho, Sophia encontrou Daniel na cozinha, ele preparava o jantar. O prato favorito de Sophia, uma bela lasanha. E notou que ele tinha preparado a mesa da cozinha – o lugar onde mais gostavam de conversar e passar o tempo – toda ornamentada com velas. Um perfeito e romântico jantar a luz de velas.
 Jantaram, conversaram bastante, deram boas risadas juntos e ele ouviu pelo menos umas oito vezes um alegre e sincero “eu te amo” de Sophia. E naquele clima de romantismo, ele a carregou em seus braços até o quarto, assim como fizera anos antes logo depois de se casaram, lembrou ela. E tiveram uma noite inteira de intenso amor, como somente casais muito apaixonados conseguem ter. E depois disso, Sophia percebeu uma lágrima rolando e percorrendo a face de Daniel, e ela perguntou o que havia de errado mas ele não disse nada, apenas “Eu te amo Sophia e te amarei para sempre”. Muito feliz com a declaração de Daniel ela brincou com ele, dizendo que talvez daquela vez eles tivessem conseguido “fabricar” o filho que tanto queriam.
 No dia seguinte ao chegar em casa, Sophia foi logo procurar pelo marido com um enorme sorriso no rosto. O procurou por toda a casa e chegando no quarto, notou apenas um bilhete escrito com caligrafia bastante torta, como se quem o escreveu estivesse chorando. Ela pegou o bilhete e leu:

“Sophia, estou partindo, estou indo embora. Eu me apaixonei por outra pessoa e estou indo embora com ela, por favor, não me procure....você não vai me achar. Fui feliz ao seu lado, mas acabou. Me perdoe, se puder, e tenha certeza que vai ser melhor assim”

            Daniel


domingo, 23 de janeiro de 2011

Te amarei para sempre - parte I - O encontro

Sophia e Daniel eram casados já há algum tempo, eram e sempre foram felizes. Ela era professora e ele fotógrafo, levavam uma vida tranquila e feliz em sua casa que tinham acabado de quitar. Ele não tinha família no Rio a não ser uma irmã que morava no interior. Sempre quiseram ter filhos e sabiam disso desde o dia que se conheceram em um belo dia de primavera do Jardim Botânico, quando ele tirava algumas fotos e ela regia uma manada de alunos da 4° série em uma excursão da escola. Foi amor a primeira vista. Sem dúvida, eles se amavam muito e não existia nada nesse mundo que pudesse separá-los... a não ser, o implacável destino que os esperava.
Um dia desses qualquer, normal de trabalho, Daniel se sentiu mal e já tinha percebido que aquela não era a primeira vez que se sentira assim. Nunca contou nada para Sophia, afinal não queria deixá-la preocupada. E procurou um consultório médico qualquer, tendo a certeza de tratar-se apenas de um resfriado que não queria passar ou então por conta do estresse do trabalho, afinal, pensou ele, estresse está na moda hoje em dia. E riu de si mesmo.
Depois de alguns exames, o médico que o examinou o encaminhou a um colega, alegando que ele seria mais indicado para cuidar do problema de Daniel. Mas ele não se alterou, continuou sem dizer nada a Sophia e ainda insistia na idéia que não devia ser nada sério. Na consulta, Daniel estranhou o fato de ter sido necessários muitos exames, muitos mais do que tivera de fazer da última vez. E foi então que veio o fatídico diagnóstico: Daniel tinha um tumor no cérebro, incurável e sem possibilidade de cirurgia. O médico lhe deu 6,7 ou quem sabe com muita sorte 8 meses de vida. O seu chão desabou, o seu mundo caiu, tudo que ele sonhara pra sua vida com Sophia acabara de ruir. Ela a amava, não iria suportar sua perda, ela sofreria demais ao vê-lo partir daquela forma. Não, definitivamente não, pensou ele. Não iria deixar o grande amor da sua vida sofrer daquela forma, ele iria achar um jeito.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A Humanidade

             Deitada de bruços sobre os paralelepípedos, eu sentia muita dor. Mas não era a dor dos tiros que havia levado. Era uma dor de tristeza, de revolta e de amargura. Continuei a ouvir o som das metralhadoras. Elas não parariam enquanto não matassem todos. Afinal, era a guerra.
             Um soldado passou ao meu lado. Só pude ver as suas botas sujas de lama, que quase encostaram no meu rosto. Ele me ignorou, supondo que eu já estivesse morta, e continuou atirando impiedosamente nos outros. Um pequeno e velho caminhão também passou muito próximo. A princípio tive medo de que suas rodas passassem sobre mim. Depois, indiferente, eu já não sentia o corpo.
             De repente, silêncio. As metralhadoras cessaram. O extermínio tinha acabado: todos mortos. Tive ódio e nojo de toda a humanidade. "Do que o ser humano é capaz...", pensei.
             Algum tempo depois, chegaram garotos vestindo roupas civis. Passaram por mim e se sentaram num vagão abandonado logo atrás, um soldado veio e perguntou a cada um deles para qual país iria. Um garoto disse o nome do meu. Senti saudades. Talvez aquilo tudo fizesse parte de algum programa de guerra.
            O soldado se afastou. Um dos garotos, de uns 15 anos talvez, desceu do vagão e veio em minha direção. Olhei para ele, que, percebendo que eu estava viva, ficou perplexo. Levantei a cabeça com dificuldade e pedi:
— Me mate, por favor, me mate!
            Como se entendesse meu sofrimento, fez menção de me ajudar. Passou a mão pelo próprio corpo em busca de alguma coisa, mas, como não encontrava, disse desculpando-se:
— Eu não tenho arma.
            O soldado, de olho no movimento, aproximou-se. Quando viu, surpreso, que eu estava respirando, sacou o revólver da cintura e apontou em minha direção. Olhei para a arma, tive medo de morrer. Mas tive mais medo ainda de ficar viva.
— Só um ou dois tiros. Atire, por favor, atire!
— Segurem-na! — ele gritou. — Eu quero atirar no peito!
            O garoto que me havia descoberto me segurou pelos cabelos, molhados de suor e sangue, e puxou minha cabeça para trás, deixando meu peito à mostra.
— Atire, por favor! — gritei pela última vez, olhando firmemente para o soldado ali parado.
            E foi então que aconteceu.
            Um outro garoto, que devia ter perto de 6 anos, desceu do vagão e, com o próprio peitinho estufado, colocou-se entre mim e o revólver, deixando o soldado assombrado. Ele continuou apontando a arma, só que desta vez frouxamente.
            Nesse instante, senti amor. Um amor profundo e enorme por toda a humanidade. "Do que o ser humano é capaz!", pensei.
            Fechei os olhos e morri.
            Abri os olhos, assustada, e acordei de um pesadelo.

Trecho retirado do livro "Papo de garota" da autora Valéria Piassa Polizzi

sábado, 15 de janeiro de 2011

Imagens que marcaram o mundo

A queda do muro de Berlim



                 








                                                                    
Construção do Cristo Redentor
Bebedouros separados na Carolina do Norte 1950
Atentado ao World Trade Center - 11 de setembro
Inauguração do Maracanã 1950 - ainda em obras
Incêndio do Zeppelin

Tio Sam convocando os jovens para a guerra

Primeiro vôo do 14 Bis
Criança Sudanesa vigiada pelo urubu
Homem se joga do WTC em chamas
Ayrton Senna - O Mito

domingo, 2 de janeiro de 2011

"recadinhos" de Deus

              Essa madrugada, sozinho em meu quarto, eis que surge um vaga-lume. Apresentava uma luz verde reluzente em meu quarto escuro. Não consegui entender o que um inseto típico do interior, das matas, fazia em minha casa, em meu quarto no meio da madrugada. Aquilo, em um primeiro momento me causou extrema estranheza, mas depois, fiquei tentando achar um sentido naquele cenário...meu quarto todo escuro e nele apenas eu e meus pensamentos, e aquela luz verdinha que surgia e de repente sumia de novo...deixando tudo escuro...mas todas as vezes que ela se acendia novamente, eu sentia um conforto enorme e em um estalo, consegui traduzir (ao meu modo) aquela mensagem codificada...rsrs. Ultimamente venho precisando de muita força para lidar com situações difíceis, e vi naquele simples vaga-lume uma mensagem de Deus para mim... dizendo que não importava o quanto estivesse escuro, não importava o quanto as coisas estivessem negras, sempre haveria uma luzinha tênue (nesse caso era verde – esperança...rsrs)  para nos iluminar e nos mostrar o real sentido do que Deus representa em nossas vidas.