quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Amo em silêncio...


Essa é a breve história de duas pessoas com as quais o destino e a própria sorte não foram tão gentis.

2° ano, Camila, 16 anos... óculos, aparelhos, cabelos sempre preso, denotando uma insegurança gritante, e deveras escondendo uma beleza estonteante, usava sempre um All Star preto... adorava aquele tênis. Sempre desconfiada, falando baixinho e o menos possível, quanto menos fosse percebida, melhor. Só havia uma pessoa que Camila desejava do fundo do seu ser que a notasse, Pedro. Pedro era o tipo gente boa, amigo de todo mundo, sempre falante e dono de uma beleza invejável, o que logo atraía todas  as meninas da classe... com seus gritinhos histéricos e suas mentes vazias. Sempre rodeado por um cardume de meninas que sempre tentavam puxar papo e convidá-lo para “estudar” em suas casas depois da aula.

Camila tirava boas notas, sem dificuldade nenhuma, era a melhor aluna da turma, o que lhe rendia ainda mais repúdio por parte das outras meninas. Com palavras do tipo, “estranha”, “CDF”, “esquisita”, ela ia levando ao passar por elas nos corredores. Não era muito de namorar, mas isso não a deixava triste de forma alguma... sabia que a maioria daqueles garotos tinha as cabeças de vento e não sabiam tratar uma garota com cavalheirismo e romantismo... mas, havia um. Um que ela sabia valer a pena, e percebera isso na única vez que topara com ele. Quando um dia enquanto trazia sua sempre pesada mochila atolhada de livros foi derrubada no corredor por uma algazarra de meninos em direção a quadra de esportes. Pedro correu ao seu encontro oferecendo no mesmo instante ajuda para recolher o que estava no chão e com um movimento gracioso a ergueu do chão. Foi nesse instante que seus olhos se encontraram... os azuis de Camila e os castanho claros de Pedro. Camila não sabia o que era o amor, mas sabia que se isso existisse, com certeza aquele momento poderia traduzir tal sentimento. Seu coração acelerou, quase saltando a boca, primeiro por ódio dos garotos que a derrubaram e nem fizeram caso disto mas depois, por sentir as mãos de Pedro em seus braços quase parecendo uma carícia. E os olhos, aqueles olhos que ela nunca tinha podido reparar pois tinha a mania de desviar o olhar sempre que olhavam pra ela. Eram tão claros e tão gentis, transmitiam uma paz e calmaria. Com uma leve troca de sorrisos se despediram, Camila estava nervosa demais para dizer algo ou ao menos agradecer-lhe. Foi assim que o amor bateu a porta de Camila pela primeira vez.

Desse dia em diante Camila sempre cogitava a possibilidade de se aproximar de Pedro e tentar ao menos uma conversa sem graça, ou qualquer outra coisa... só precisava falar com ele, não importava sobre o que. Mas, Camila sempre se deparava com obstáculos e o maior deles era ela mesma, sua insegurança na verdade. Não conseguia ao menos sustentar um olhar quando passava por ele num corredor.  A outra era o fato de Pedro sempre estar acompanhado, cercado por aquelas meninas irritantes. Afinal, o que um garoto bonito e simpático, cercado de garotas iria querer com a bobalhona da Camila? A cada dia que passava, Camila ia reprimindo seu sentimento e tentando não sofrer, já que não se achava suficientemente atraente para seu príncipe encantado, enquanto ela se achava um tipo de princesa as avessas, como um sapo que precisa de um beijo pra se transformar. De tanto amar em silêncio o seu amor foi se calando pouco a pouco.

A Cabeça de Pedro...

Nada nessas meninas que me cercam me atrai, sempre com esses gritos estridentes e me convidando para lugares que sei que não pertenço. Prefiro esperar por alguém com conteúdo que sei que preencherá meus espaços e suprir todas as lacunas. Gosto de poesias, de música, de um bom papo... essas meninas só gostam de festas e conversas furadas.

Mas um dia, me encontrei com alguém que soube no mesmo instante ser a pessoa que estava a esperar. Seu nome era Camila, e estava estatelada no chão do corredor da escola.Não pensei duas vezes para ir ajudar uma donzela indefesa. Ela usava óculos e era dona de um sorriso lindo, tinha cabelos muito negros e lisos presos numa trança e rabo de cavalo. Quando nossos olhos se encontraram, pude ver, seu olhos eram azuis intensos  e possuíam uma insegurança que cativava, que dava vontade de pegar no colo e não mais soltar, apesar do aparelho, pude perceber rapidamente que era dona de um sorriso lindo e cativante, que transmitia pura sinceridade. Sua pele era macia e muito branca, dando a impressão de ser feita de um tecido muito nobre e raríssimo. Quando minhas mãos tocaram seu braço, senti meu coração disparar e pude perceber naquele momento que se isso significasse algo, nada mais poderia ser do que amor.

Dali em diante, eu queria encontrá-la novamente, falar-lhe, qualquer coisa... não importava o que, só queria me fazer presente. Mas estava sempre cercado daquelas meninas fúteis e sempre que conseguia me desvencilhar não mais a via. Sempre que passava por ela nos corredores, ela abaixava a cabeça ou virava o rosto, o que logo interpretei como sendo um sinal de que eu nada significava pra ela. Afinal, o que uma menina bonita e inteligente iria querer com um bobalhão como eu? E pensando assim, decidi reprimir meu sentimento e guardá-lo comigo. De tanto amar em silêncio, meu amor foi se calando pouco a pouco.

“Não devemos calar um sentimento, pois podemos perder a oportunidade de viver algo incrível... se tiver que se arrepender, arrependa-se pelo que você fez e jamais pelo que você deixou de fazer”

quinta-feira, 21 de julho de 2011

idiosincrasias, aspas e reticências...

[...] agora, não guio meus passos através ou de acordo com os passos de alguém... escolhemos caminhos diferentes...então, caminhe sobre a areia enquanto eu caminho pelas rochas, só não espere achar minhas pegadas nelas...[...]


é engraçado...depois que foi inventada as palavras "desculpa", "me perdoa", "foi sem querer"... não existem mais limites para se magoar os semelhantes



"não machuque um coração e espere que tudo voltará a ser como era antes, nossas escolhas trazem consequências e mais cedo ou mais tarde todos nós arcamos com elas... se valeu a pena machucar um coração? o tempo te trará a resposta com o vento".

segunda-feira, 11 de julho de 2011

[...]...talvez
mas talvez  seja só porque eu esteja triste hoje...
talvez em dias normais eu não seja tão paranóico e nem tão dramático [...]

domingo, 19 de junho de 2011

Licensa musical - "O Quereres"

Onde queres revólver, sou coqueiro; onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo; e onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta; e onde voas bem alta, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta; e ganha liberdade na amplidão

Onde queres família, sou maluco; e onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco; e onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez; e onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão; e onde queres cowboy, eu sou chinês

Onde queres o ato, eu sou o espírito; e onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo; e onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói; e onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução;  e onde queres bandido, sou herói

Eu queria querer-te amar o amor; construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor;  mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou; não te quero (e não queres) como és

Onde queres comício, flipper-vídeo; e onde queres romance, rock'n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
Onde a pura natura, o inseticídio; onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus

O quereres e o estares sempre a fim; do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim; infinitivamente pessoal
E querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim
 
 
 
 
 
Caetano Veloso - "O quereres"... ouve aí, ela é bonitinha...